Pedro de
Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim
José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon, mais conhecido
como Dom Pedro I, ou Pedro I do Brasil e Dom Pedro VI de Portugal, nasceu em 12
de outubro de 1789 no palácio de Queluz nos
arredores de Lisboa, Portugal. Filho do
rei de Portugal Dom João VI e da infanta Carlota Joaquina de Bourbon, Seus avós
paternos eram D. Pedro
III, Rei Consorte de Portugal e dos Algarves e D. Maria I, Rainha de
Portugal e dos Algarves, enquanto seus avós maternos eram D. Carlos
IV, rei de Espanha e D. Maria
Luísa de Bourbon, princesa de Parma. Segundo
alguns historiadores, Dom Pedro nasceu na transição de dois tempos: o fim do
absolutismo e o começo do liberalismo político. As suas ideias refletiam as
mudanças que ocorriam na Europa (Revolução Francesa), mas não se desvencilhava
da corte absolutista na qual crescera. Era o quarto filho, e segundo
varão, de seus pais e não era esperado que um dia viesse a ascender ao trono. O
falecimento de seu irmão mais velho, D. António de Bragança, em 1801, tornou-o o herdeiro
de seu pai, então regente em nome de D. Maria I. Veio para o Brasil com toda a Família Real, devido a invasão de Napoleão
contra Portugal.
O príncipe passou a infância no Palácio
de Queluz, onde também nascera , cercado
de governantas e professores e convivera com a avó paterna, que estava completamente
insana. Sua mãe não lhe dava muita atenção, preferindo voltar-se para seu irmão
mais novo, Miguel. Seu pai o estimava muito, considerando-o o filho predileto,
mas por ser reservado e sofrer de depressão, mantinha
pouco contato com o seu herdeiro. Na formação musical de D. Pedro, teve
influência o compositor Marcos de Portugal, nomeado mestre de suas altezas
reais em 1807.
Na viagem da família real
portuguesa ao Brasil em 1808, Pedro com apenas nove anos de idade, quando não estava
entre os marinheiros aprendendo as manobras de bordo, era sempre visto sentado
encostado em um dos mastros do navio lendo. Até o fim de seus dias o
príncipe reservou diariamente cerca de duas horas à leitura e ao estudo. Também
escreveu diversas poesias:
No dia 29 de novembro de 1807, com a
ameaça da invasão de Portugal pelas tropas de Napoleão, a família real embarca
para o Brasil, instalando-se no Rio de Janeiro, em março de 1808, na Quinta da
Boa Vista. Pedro era um menino com apenas 9 anos, rebelde, fugia do castelo
para brincar com os garotos pobres do porto. Frei Antônio de Arrábida tornou-se
seu principal mestre e confessor. Tinha aulas de pintura e música, aprendeu a
compor e tocar pequenas peças. Dedicava-se também à equitação. Avesso aos
estudos preferia a vida ao ar livre no palácio de São Cristóvão e na fazenda
Santa Cruz. Além do seu português nativo, Pedro sabia ler, escrever e falar
em francês e latim, e compreendia
o inglês e o alemão.
Pedro e seu irmão Miguel
compartilhavam a aparência, o temperamento e afeições. Ambos possuíam uma
relação de amor e ódio um com o outro, e brincavam e brigavam quando
crianças. Na infância, os dois irmãos criavam pequenos regimentos formados
por amigos que se combatiam simulando batalhas entre exércitos.
As principais atividades do
herdeiro da coroa portuguesa até os seus dezesseis anos de idade foram os
exercícios físicos, a equitação e amarcenaria. Seu interesse pelos cavalos não se restringia a apenas montar, mas
também cuidava deles arreando, dando banho e até os ferrando.
Na mocidade se
divertia indo às tavernas do Rio de Janeiro, que frequentava em companhia dos
empregados do palácio, mas sempre disfarçado para que não fosse reconhecido. Em
uma dessas andanças noturnas conheceu Francisco Gomes da Silva, que mais tarde
se tornaria um dos seus mais fiéis amigos e seria conhecido como o "Chalaça".
Em março de 1816, com a morte de
sua avó Dona Maria I, Dom João VI é aclamado Rei de Portugal e Dom Pedro
torna-se Príncipe Real e herdeiro direto do trono, em virtude da morte do seu
irmão mais velho, Antônio. Depois de várias negociações diplomáticas, estava a
caminho do Brasil a Arquiduquesa Carolina Josefa Leopoldina. Foi escolhida para
esposa de Dom Pedro. Em 1818, quando tinha 19 anos, casa com a arquiduquesa Leopoldina, filha do
imperador Francisco I da Áustria, e de sua
segunda esposa, Maria Teresa de Bourbon, princesa
das Duas
Sicílias. Leopoldina era sobrinha-neta da rainha Maria Antonieta e irmã da segunda
imperatriz dos franceses Maria Luísa da Áustria. Casam-se no primeiramente em por
procuração e depois se casam novamente na presença de D. Pedro.
Em 1820 Portugal passava por grave
crise política e social. A Revolução Liberal do Porto se espalhou por todo
pais. A constituição era a palavra de ordem. Estava em jogo o destino do Reino
Unido. A família real retorna à Europa em 26 de abril de 1821, ficando D. Pedro
como Príncipe Regente do Brasil.
Preocupada com a evolução do
Brasil, a elite política portuguesa pressionava as cortes que redigiam a
Constituição Portuguesa a rebaixar novamente à categoria de colônia o Brasil
(que tinha sido elevado à condição de Reino Unido a Portugal e Algarves). Pressionado por essas cortes, João VI assinou
um documento que tornava inefetivo o título de Príncipe Regente do Brasil concedido
a Pedro I. Uma ordem judicial exigiu a volta imediata do príncipe a Portugal.
Foi enviada uma frota ao Rio de Janeiro, destinada a repatriá-lo.
Após ter recebido um abaixo-assinado com 8.000 assinaturas (conhecido
como Petição do Fico) que pedia que permanecesse
no Brasil, o regente recusou-se a embarcar para a Europa e, em
9 de janeiro de 1822, pronunciou, num episódio que ficou conhecido como o Dia do Fico, a frase histórica: Como é para o bem de todos e felicidade
geral da nação, estou pronto: diga ao povo que fico!, Declarando,
também, que nenhuma ordem das Cortes Portuguesas seria cumprida no Brasil sem a
sua autorização.
Em abril, a popularidade do
príncipe foi comprovada durante uma viagem a Minas Gerais. De lá seguiu para São Paulo, a fim de pacificar rebeliões na província. Em
7 de setembro, quando ia de Santos para a
capital paulista, recebeu notícias de Portugal por cartas de José Bonifácio e da esposa Maria Leopoldina da Áustria,
contando-lhe que havia promulgado a independência brasileira, uma vez que a
corte portuguesa exigia o seu retorno e com isso não acontecendo, programava
uma ação militar contra o Brasil. Foi então
que, junto ao Riacho do Ipiranga (São
Paulo), proferiu o famoso Grito
do Ipiranga: "Independência ou Morte!".
Pedro I contou, naturalmente,
com o apoio do "povo" e, de volta ao Rio de Janeiro, em 12 de
outubro, foi proclamado imperador e "defensor perpétuo do Brasil". Em
1 de dezembro foi sagrado e coroado. A Independência do Brasil foi
contestada em território brasileiro por tropas do Exército Português, especialmente nas regiões
onde, por razões estratégicas, elas se concentravam, a saber, nas então
províncias Cisplatina, da Bahia, do Piauí, do Maranhão e
do Grão-Pará. A independência foi oficialmente reconhecida
por Portugal e
pelo Reino Unido somente em 1825.
A visão histórica ensinada nas
escolas até os dias atuais é a de que um dom Pedro I autoritário e despótico
teria entrado em conflito com a liberal e democrática assembleia, fechando esta
última contra a vontade do povo brasileiro e acabando por outorgar uma
constituição de cunho absolutista sobre o país. Trata-se de uma invenção
posterior dos republicanos para desmoralizar o passado monárquico do Brasil. A
realidade dos fatos foi completamente diversa.
No dia 3 de maio de
1823, a Assembleia Geral Constituinte e Legislativa do Império do Brasil
iniciou sua legislatura com o intento de realizar a primeira constituição
política do país. No mesmo dia, Pedro I discursou para os deputados reunidos,
deixando clara a razão de ter afirmado durante sua coroação no final do ano
anterior que a constituição deveria ser digna do Brasil e de si (frase esta que
fora ideia de José Bonifácio e não do imperador). O esboço da constituição de
1823 foi escrito por Antônio
Carlos de Andrada. Em seguida foi emetido a constituinte, onde os deputados iniciaram os
trabalhos para a realização da carta,. A constituinte optou também pela
inclusão do veto suspensivo por parte do imperador, que poderia inclusive vetar
se assim o desejasse o próprio projeto de constituição. Entretanto, mudanças
nos rumos políticos levaram os deputados a proporem tornar o monarca uma figura
meramente simbólica, completamente subordinada à assembleia. Este fato, seguido
pela aprovação de um projeto em 12 de junho de 1823 pelo qual as leis criadas
pelo órgão dispensariam a sanção do imperador levou Pedro I a entrar em choque
com a constituinte.
Por trás da disputa entre o
imperador e a assembleia, havia uma outra, mais profunda e que foi a real
causa da dissolução da constituinte. Desde o início dos trabalhos legislativos
os liberais federalistas tinham um objetivo diferente dos portugueses absolutistas.
Apesar das diferenças, os portugueses e os liberais se aliaram com o objetivo
de retirar do poder o inimigo comum.
As duas facções aliadas
arregimentaram os amigos íntimos do imperador para o seu lado, que logo
trataram de envenenar a amizade do monarca com o seu grande amigo, José
Bonifácio. Vendo a maior parte da Assembleia abertamente descontente com o
ministério Andrada e influenciado por seus amigos, que se identificavam com os
interesses dos portugueses, Pedro I demitiu os ministros de Estado. Iniciou-se
então uma guerra de ataques entre os jornais do país, que defendiam uma ou
outra facção política.
A aliança entre os liberais e
portugueses foi efêmera. Logo que o ministério Andrada foi demitido, os dois
grupos voltaram-se um contra o outro. Para o monarca qualquer relação com os
liberais seria inadmissível, pois sabia muito bem de suas intenções em
transformá-lo numa figura meramente decorativa. Os ataques contra os
portugueses em geral e até mesmo contra Pedro por parte dos jornais e deputados
a favor dos Andradas levou o imperador a se aproximar dos portugueses.
Os deputados reunidos
debateram sobre a proposta do governo. Mas no dia seguinte quando Vilela
Barbosa retornou a Assembleia para dar explicações sobre a reunião das tropas,
alguns deputados gritaram exigindo que Pedro I fosse declarado "fora-da-lei". O imperador ao
saber disto, antes mesmo que o ministro do Império retornasse da Assembleia,
assinou o decreto dissolvendo a constituinte Apesar da apreensão de Pedro I
quanto a possibilidade de se tornar uma figura nula no governo do país e sua
demonstração de descontentamento, não foi a razão principal do fechamento da
Constituinte.
Os deputados deveriam ter se
reunido para elaborar uma constituição para o país e debater seus artigos.
Contudo, perderam-se em disputas pelo poder e somente para defender seus
próprios interesses levaram a capital do império à beira da anarquia. Este não
foi o fim dos deputados, entretanto.
Não era o desejo de Pedro I
imperar como um déspota. O imperador, por tal razão, encarregou o Conselho de
Estado criado em 13 de novembro de 1823 de redigir um novo projeto de
constituição . Era um "conselho
de notáveis" formado por juristas renomados, sendo todos
brasileiros natos. O Conselho de Estado utilizou como base o projeto da
constituinte e assim que terminou, enviou uma cópia da nova constituição para
todas as câmaras municipais. Esperava-se que a Carta servisse como um projeto
para uma nova assembleia constituinte.
Contudo, as câmaras municipais
sugeriram ao imperador que, em vez disso, se adotasse o projeto como a
constituição brasileira. Em seguida, as câmaras municipais, compostas por
vereadores eleitos pelo povo brasileiro como seus representantes, votaram a
favor por sua adoção como a carta magna do Brasil independente. A primeira constituição
brasileira foi então promulgada por Pedro I e solenemente jurada na Catedral
do Império, no dia 25 de março de 1824.
Com a constituição promulgada
, os liberais federalistas pernambucanos se revoltam contra o governo
central. A revolta ocorrida em Pernambuco e que se denominou "Confederação
do Equador", mas foi rapidamente debelada ainda no início de 1824. O
fato de ter ocorrido justamente enquanto o Império ainda estava em guerra pela independência
contra Portugal, dificultando o esforço bélico, em conjunto com a destruição e mortes
causadas pelos revoltosos, impediu qualquer possibilidade de entendimento com
os mesmos.
Pedro I estava decidido a
impor a ordem ao país. Os revoltosos sofreram penas diversas, mas Caneca e
outros companheiros foram sentenciados a morte. A revolta teve por
consequência aproximar ainda mais o imperador dos portugueses, pois aquele
passou a enxergar os federalistas com total desconfiança.
Após cerca de quatrocentos anos de domínio opressivo turco, as antigas
províncias do Império Romano do Orientena região dos Bálcãs estavam conseguindo sua liberdade. A Grécia, um dos
novos países que surgiram das insurreições que perduraram por todo o século
XIX, buscou um príncipe estrangeiro para ocupar seu trono vago. Os gregos
enviaram emissários a João VI para propor que Pedro, viesse a tornar-se o
primeiro Rei da Grécia independente. Para os portugueses, a proposta era-lhes
muito interessante, pois acreditavam que com o príncipe longe do Brasil
poderiam impedir a independência do Brasil e retorná-lo à condição de simples
colônia. As mensagens dos gregos com a oferta do trono heleno alcançaram Pedro
logo após o Dia do Fico, mas o príncipe regente, porém, não traiu a confiança nele
depositada pela nação brasileira, que o aclamaria seu Defensor Perpétuo E,
assim, o Príncipe D. Pedro, primeiro imperador do Brasil, recusou a coroa da
Grécia.
O rei João VI faleceu em 10 de
março de 1826. Pressentindo o seu fim, e desejando evitar que sua esposa
tomasse o poder, o monarca português nomeou sua filha dona Isabel como um dos
membros da regência que perduraria até que Pedro recebesse a notícia de sua
ascensão ao trono lusitano. Pelo tratado de reconhecimento da independência
brasileira, Pedro manteria sua posição como Príncipe Real e herdeiro da coroa
portuguesa. Mas a Constituição Brasileira de 1824 proibia
qualquer possibilidade de união do Brasil com outro país.
Isabel logo enviou um oficial
para o Brasil para avisar seu irmão do falecimento de João VI. O imperador
tornava-se então D. Pedro IV, Rei
de Portugal e dos Algarves Pedro I era defensor do liberalismo e
constitucionalismo, enquanto o seu irmão Miguel era o representante da causa
absolutista. A morte de João VI criou um problema de sucessão do trono: por um
lado, Pedro não podia acumular os cargos de rei de Portugal e imperador de um
Brasil independente; por outro lado, o seu irmão Miguel tinha participado por
duas vezes em tentativas de assassínio do seu pai e não era visto com bons
olhos pelos portugueses.
Porém sua indecisão entre o Brasil e
Portugal contribuiu para minar a popularidade e, somando-se a isto o fracasso
militar na Guerra da Cisplatina (1825-1827). Os constantes atritos com a
assembleia, o seu relacionamento extraconjugal (1822-1829) com Domitila de
Castro Canto e Melo, a quem fez Viscondessa e depois Marquesa de Santos, o
constante declínio de seu prestígio e a crise provocada pela dissolução do
gabinete, após quase nove anos como Imperador do Brasil, abdicou do trono, no
dia 7 de abril de 1831, em favor de seu filho Pedro, então com cinco anos de
idade.
Voltando a Portugal, com o título de
Duque de Bragança, assumiu a liderança da luta para restituir à filha Maria da
Glória o trono português, que havia sido usurpado pelo irmão, Dom Miguel,
travando uma guerra civil que durou mais de dois anos. Inicialmente criou uma
força expedicionária nos Açores (1832), invadiu Portugal, derrotou o irmão e
restaurou o absolutismo.
A Espanha passava por um
período de repressão. A Espanha entra num caos que perduraria durante todo o
século XIX até o final da Guerra Civil espanhola na primeira metade do século
XX. Os conflitos entre absolutistas e liberais atingem proporções
internacionais, criando instabilidade também nos países vizinhos, como Portugal
e França.
Em 1826, os liberais espanhóis
ofereceram a coroa de seu país a Pedro, que resultaria na unificação do Império
do Brasil, do Reino de Portugal e dos Algarves e do Reino da Espanha sob sua
pessoa. Mas não o aceitou, alegando que era necessário primeiramente consolidar
o império brasileiro e repetira tal asserção três anos mais tarde, após uma
nova proposta por parte dos espanhóis.
Contudo, a situação se agravou
na Espanha, os liberais mais uma vez se voltaram para Pedro I e propuseram
dessa vez que se tornasse o Imperador da Ibéria, resultado da unificação de
Portugal com a Espanha.
Desta vez, entretanto, o
monarca brasileiro aceitou a proposta e realizou os preparativos para partir
para a Europa e derrotar os absolutistas em favor dos constitucionalistas. A
aceitação da oferta da coroa imperial da península
Ibérica seria uma das razões que levaria Pedro a abdicar do trono
brasileiro.
Viúvo desde 11 de dezembro de
1826, em agosto de 1829 contrai segundas núpcias por procuração com Amélia de Beauharnais, princesa da Baviera, Duquesa
de Leuchtenberg, neta da imperatriz Josefina da
França, esposa repudiada de Napoleão Bonaparte.
Pedro I voltou tuberculoso da campanha e morreu em
24 de setembro de 1834, pouco depois da Convenção de Évoramonte (que
selara a vitória da causa liberal, de que se fizera paladino), no palácio de Queluz, no mesmo quarto e na mesma
cama onde nascera 35 anos antes. Ao seu lado, na hora da morte, estavam Amélia
e Maria II.
Foi sepultado no Panteão dos Braganças, na Igreja de São Vicente de Fora em
Lisboa. O seu coração foi doado, por decisão testamentária, à cidade
do Porto,
encontrando-se conservado na Igreja da Lapa, no Porto,
como relíquia, num mausoléu na
capela-mor da igreja, ao lado do Evangelho. Em
1972, no sesquicentenário (150 anos) da Independência, seus despojos foram
trasladados do panteão de São Vicente de Fora para a cripta do Monumento à Independência, localizado
no Museu do Ipiranga em São Paulo, Brasil.
Entre fevereiro e setembro de
2012 foram realizadas pela Faculdade de Medicina da USP, sob sigilo, exumações
nos restos mortais de Pedro I e suas duas esposas, Leopoldina e Amélia,
revelando estatura e detalhes físicos. Descobriu-se que o imperador tinha quatro
costelas fraturadas do lado esquerdo, o que praticamente inutilizou um de seus
pulmões - fato que pode ter agravado a tuberculose que o matou, aos 36 anos. Os
ferimentos constatados foram resultado de dois acidentes a cavalo (queda e
quebra de carruagem), em 1823 e 1829, ambos no Rio de Janeiro.
Descendência
Pedro teve ao todo 19 filhos.
De sua esposa em primeiras núpcias, a imperatriz Leopoldina,
Arquiduquesa da Áustria, nasceram:
·
Maria
II, rainha de Portugal (1819-1853),
casada por procuração com seu tio, Miguel I, rei de Portugal, em
primeiras núpcias com Augusto de Beauharnais, duque de
Leuchtenberg, e em segundas núpcias com o príncipe Fernando de Saxe-Coburgo-Gota, rei consorte de Portugal;
·
Infante Miguel de Bragança (1820), príncipe
da Beira;
·
Infante João Carlos de Bragança (1821–1822),
príncipe da Beira;
·
Januária
Maria (1822–1901), princesa imperial do Brasil, casada com o príncipe
Luís de Bourbon e Duas Sicílias, conde de Áquila;
·
Paula
Mariana (1823–1833);
·
Francisca (1824–1898),
princesa do Brasil, casada com o Francisco Fernando de Orléans, príncipe
de Joinville;
·
Pedro
II (1825–1891), Imperador
do Brasil, casado com Teresa Cristina de Bourbon e
Duas Sicílias, princesa de Duas Sicílias.
De sua esposa em segundas
núpcias, Amélia de Leuchtenberg, imperatriz
do Brasil, duquesa de Leuchtenberg e de Bragança:
·
Maria
Amélia de Bragança (1831–1853), princesa do Brasil.
De sua amante, Domitília de Castro e Canto
Melo, marquesa de Santos:
·
rapaz (1823), menino natimorto;
·
Isabel Maria de Alcântara Brasileira (1824–1898), duquesa
de Goiás, casada com Ernesto José João Fischler von Treuberg, conde de Treuberg;
·
Pedro de Alcântara Brasileiro (1825–1826);
·
Maria Isabel de Alcântara Brasileira (1827–1828), duquesa
do Ceará;
·
Maria Isabel II Alcântara Brasileira (1830–1896),
que se casou com Pedro Caldeira Brant, conde de Iguaçu.
Com a francesa Noémi Thierry teve:
·
Pedro, falecido antes de completar um ano;
·
Menina, falecida antes de completar um ano.
Com Maria Benedita de Castro Canto e Melo, baronesa
de Sorocaba e irmã da marquesa de Santos, teve:
Com a uruguaia María del Carmen García teve uma criança
natimorta.
De sua amante francesa Clémence Saisset teve:
·
Pedro de Alcântara Brasileiro.
Com a monja portuguesa Ana
Augusta Peregrino Faleiro Toste (vila de
São Sebastião, 1809 - Angra, 29 de maio de 1896) teve
outro menino de nome Pedro (1832 ou 1833), que terá vivido até à idade de 4 ou
5 anos.
De Maria Libânia Lobo, Açafata da
Rainha, teve um filho:
·
Pedro de Alcântara, chamado Pedro Real
Características de Pedro
De acordo com Isabel Lustosa, Pedro se
"bem que não fosse bonito, era
simpático, bem constituído, de cabelo preto e anelado; tinha nariz aquilino,
olhos pretos e brilhantes, uma boca regular e dentes muito alvos". Para José
Murilo de Carvalho, ele era "comandado por
emoções, às vezes contraditórias, a que não aprendera a impor barreira alguma.
Era impulsivo, romântico, autoritário, ambicioso, generoso, grosseiro, sedutor.
Era capaz de grandes ódios e grandes amores". Heitor Lyra o
define assim: “De temperamento, era um impulsivo. Volúvel até os
extremos era capaz dos maiores egoísmos e das mais largas generosidades. Tudo
nele era incompleto: mal educado, mal guiado, mal aconselhado, faltou-lhe
sempre o senso da medida. Mas, como todas as naturezas espontâneas, tinha um
fundo de grande bondade. Herdou do velho Rei seu pai, a liberalidade. Tinha
da mãe, sobretudo, a impetuosidade. Foi essa impetuosidade, aliada ao seu
estabanado cavalheirismo, que o levou a libertar dois povos. Um punhado, largo,
de boas qualidades: bravura, honestidade, desprendimento pessoal, idealismo. E
um acentuado desejo de bem fazer – o que o não impedia de ser, muita vez,
injusto e agressivo até com os seus melhores amigos.”
O príncipe era extremamente
simples, e enquanto a sociedade da época como um todo considerava qualquer
forma de trabalho manual algo relegado somente a escravos, Pedro não se
importava em trabalhar com as próprias mãos. Fazia questão de manter uma
relação direta com o povo, e sentia prazer em estar entre gente comum. Isabel
Lustosa expressa claramente este lado do Imperador como no episódio em que
"ele saia da igreja misturado com
a gente do povo que gracejava e ria, não dando a menor demonstração de repulsa
ao profanus vulgus, mas
sim de desejar confraternizar-se com eles. Quando d. Pedro era abordado por
qualquer pessoa do povo, entabulava familiarmente uma conversa".
Pedro I não acreditava em
diferenças raciais e muito menos em uma presumível inferioridade do negro como era comum à época e perduraria até o
final da Segunda
Guerra Mundial. O imperador deixara clara a sua opinião sobre o tema: "Eu sei que o meu sangue é da mesma cor que o
dos negros".
Era também
completamente contrário à escravidão e
pretendia debater com os deputados da assembleia constituinte uma forma de
extingui-la.
Apesar das possíveis
aparências, muitos biógrafos consideram Pedro I um pai zeloso pelo menos com a
maior parte de sua prole, fosse ela legítima ou não. Procurou, na medida do
possív
el, cuidar pessoalmente da educação de todos, chegando inclusive a se indispor com Leopoldina quando exigiu que a duquesa de Goiás fosse educada juntamente com as princesas imperiais. Ainda sobre a duquesa, já exilado em Paris, fez com que viesse a viver juntamente com Maria da Glória e Amélia de Leuchtenberg - que finalmente a aceitara após uma primeira rejeição, ainda no Brasil. De acordo com Isabel Lustosa, Pedro I costumava brincar com os filhos e lhes ministrar pessoalmente remédios e outros cuidados médicos. Otávio Tarqüinio relata como o ex-imperador ficara consternado com a morte de cada um de seus filhos. Pedro tinha clara noção da falha em sua educação e buscava aconselhar tantos os seus filhos legítimos como os ilegítimos a estudarem e não cometerem o mesmo erro que ele próprio cometera. Sabia também do valor da educação e uma de suas primeiras medidas como regente fora a extinção de qualquer tributação sobre livros importados e a abolição da censura prévia. Criou cursos jurídicos e relegou ao Estado a obrigação de manter escolas primárias.
el, cuidar pessoalmente da educação de todos, chegando inclusive a se indispor com Leopoldina quando exigiu que a duquesa de Goiás fosse educada juntamente com as princesas imperiais. Ainda sobre a duquesa, já exilado em Paris, fez com que viesse a viver juntamente com Maria da Glória e Amélia de Leuchtenberg - que finalmente a aceitara após uma primeira rejeição, ainda no Brasil. De acordo com Isabel Lustosa, Pedro I costumava brincar com os filhos e lhes ministrar pessoalmente remédios e outros cuidados médicos. Otávio Tarqüinio relata como o ex-imperador ficara consternado com a morte de cada um de seus filhos. Pedro tinha clara noção da falha em sua educação e buscava aconselhar tantos os seus filhos legítimos como os ilegítimos a estudarem e não cometerem o mesmo erro que ele próprio cometera. Sabia também do valor da educação e uma de suas primeiras medidas como regente fora a extinção de qualquer tributação sobre livros importados e a abolição da censura prévia. Criou cursos jurídicos e relegou ao Estado a obrigação de manter escolas primárias.
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